June 13, 2025

depois do tesão, o abismo

...eu me perdi no toque de muitos, tentando me encontrar em mim.

me entreguei como quem implora por presença, mesmo que fugaz.

entre um corpo e outro, buscava um olhar que dissesse:

'Eu te vejo. Eu te sinto. Você existe.'

o prazer foi meu anestésico,

a excitação, meu disfarce,

e o orgasmo, meu grito de socorro silencioso.

mas depois, veio o vazio

um lapso emocional tão fundo que até minha alma ficou sem palavras.

percebi que não era tesão — era carência.

não era liberdade — era fuga.

não era amor — era o eco de um abandono antigo.

hoje, olho pra tudo isso com menos culpa.

foi o meu jeito de tentar me curar.

mas agora… agora eu quero algo diferente.

quero voltar pra mim com gentileza.

quero transar com a vida, mas com verdade.

quero ser tocada onde não dói mais...


June 8, 2025

carta de acolhimento pra mim

 querida Palomex

Hoje eu escolho me escrever com amor. Não para me cobrar, nem para me corrigir — mas para me abraçar com toda a compaixão que eu mereço.

Eu sei que estou passando por dias difíceis. Sinto no meu corpo o peso dos gatilhos, das memórias, do medo, do vazio. Sinto a confusão que vem quando tudo parece escuro, quando os hábitos escapam das mãos e eu só quero sentir algo que alivie, nem que seja por um instante.

Mas eu também reconheço a minha coragem. A coragem de me escutar. De nomear o que sinto. De buscar ajuda. De não fingir que está tudo bem quando não está. Isso é força — mesmo que doa.

Querida, eu entendo o porquê do açúcar, do prazer rápido, da fuga. Você só quer se sentir viva de novo. Só quer um colo, um alívio, um lugar seguro. E tudo isso é legítimo. O seu corpo está tentando cuidar de você com os recursos que tem. E eu honro isso.

Mas hoje, com carinho, eu quero lembrar: eu estou aqui por mim. Eu sou meu próprio colo. Eu posso escolher, aos poucos, o que me nutre de verdade — na comida, no toque, nos pensamentos, na presença. Posso me dar prazer com conexão, carinho e presença. Posso me alimentar com intenção, respirar antes de agir, pausar antes de me abandonar.

Eu não estou sozinha. Eu me tenho.

E mesmo quando escorrego — porque às vezes vou escorregar — eu não vou me punir. Eu vou me acolher, respirar e seguir. Porque eu mereço uma vida viva, cheia de cores, cheia de mim.

Com amor,

Palomex

June 7, 2025

quando a vida fica muda

tem dias que não é tristeza.

é o silêncio.

é o corpo acordando, fazendo o que precisa fazer — comer, andar, ir ao mercado — mas sem alma.

sem cor. sem vida.

faz uns pares de dias, que tudo parece acontecer do lado de fora.

aqui dentro, só o eco.

comer, mas sem gosto.

sair, mas sem presença.

respirar, mas sem sentir que o ar chega de verdade.

eu fico me perguntando: como é que se perde a vida?

será que fui deixando escapar aos poucos, entre uma dor e outra?

ou será que nunca tive por inteiro, só partes?

partes que tentei montar com força, com coragem, mas que nunca se encaixaram completamente?

tem um buraco aqui.

um pedaço faltando.

e não dá pra fingir que ele não existe.

não dá pra preencher com mais tarefas, mais comida, mais promessas.

o que falta é vida.

vida que pulsa, que anima, que empolga.

aquela vontade de sorrir à toa, de fazer planos, de sentir tesão pela próxima refeição ou pela próxima conversa.

aquela que fazia tudo parecer leve, mesmo quando era pesado.

talvez esse pedaço não esteja perdido.

talvez só esteja escondido, adormecido, cansado de tanta luta.

talvez esteja esperando que eu pare. que eu ouça. que eu acolha.

eu ainda não sei como fazer isso.

mas escrever é meu jeito de chamar por ele.

meu jeito de dizer: eu tô aqui. mesmo vazia, ainda tô aqui.

e hoje…

sou espectadora da minha própria vida.

vejo tudo passar, mas nada faz sentido.

as cores não vibram.

as palavras não empolgam.

a comida não tem sabor.

tudo está em degradê de cinza.

meu corpo não reage. estou literalmente adormecida.

e isso é horrível, porque por fora eu pareço bem.

não tenho cortes. não tenho machucados.

mas por dentro, eu grito.

é aqui que estou.

sem respostas. mas tentando dizer.

tentando escrever.

tentando existir.

May 21, 2025

 oie, so passando mesmo pra agradecer o seu tempo de hoje, nesse nosso contato inicial... mesmo ainda cheia de emocoes e talvez muita raiva pra processar, eu quero muito sair desse lugar escuro que estou, sabe? e estou realmente precisando de ferramentas, porque sozinha eu nao to dando conta mais... mas ja vejo que ha uma grande chance de eu sair talvez da negacao do que eh estar atravessando uma depressao, por exemplo, ao inves de ficar tentando encontrar explicacao de como eu cheguei aqui, eu quero poder sair daqui e voltar a ter desejo de viver, de fazer pequenas coisas, sabe?

sabe, esse tabalho de querer estirpar voce do meu coracao e da minha vida eh a coisa mais burra que posso sugerir pra agora pra mim e pro mundo. isso nao vai existir, porque eu ainda te amo e isso eh so a minha dor querendo me dizer que ...

May 20, 2025

a coisa que eu mais ouco nos utlimos dias eh: tenha paciencia. um dia de cada vez. alguns dias vc estarah bem, em outros vc estarah lidando com suas sobras. eh um longo processo de reabilitacao da alma, da vida, do ser, do meu eu que grita por vida. eu nao tenho vontade de viver por nada. nem mesmo por meus gatos. estah dificil inclusive de ter rotina com eles, como por exemplo: limpar e alimentar, e claro, escovar os pelos deles... tudo tem sido um show de horror... so quero sair disso logo.

May 17, 2025

Autumn’s Embrace – A Comfort Food Story


Some days, cooking is about more than just eating – it’s about reaching for something warm to hold onto, a way to ground myself when the world feels a bit too heavy. Today was one of those days. With the first whispers of autumn creeping into the air, I craved something that would wrap itself around my soul, something rich, yet unco
mplicated. A dish to remind me that even in my most fragile moments, there is warmth and flavor in the simple things.

I opened my fridge with a vague sense of purpose, hoping to find something to satisfy this quiet longing. There wasn’t much – just a lone eggplant, a head of garlic, a few onions, and a small piece of broccoli. It felt like a challenge, a reminder of my mother’s kitchen, where the art of making something from almost nothing became a kind of magic. She taught me that the essence of cooking is not about perfection but about transforming what you have into what you need.

I cubed the eggplant – small, tender pieces, the kind that soak up every bit of flavor in the pan. I let them sizzle in a hot pan with olive oil, garlic, and onion, their edges catching a little caramel color as they softened. I added a splash of passata, a handful of freshly chopped tomatoes – organic, of course – and closed the lid, letting it steam gently, capturing the essence of slow-cooked warmth in just a few minutes.

For the fish, I went to my air fryer – my trusted ally in these moments when patience feels thin. I wrapped it in a coat of olive oil, a sprinkle of dukkah, and a touch of salt, then set it to roast at 190 degrees for 15 to 18 minutes, until the flesh flaked at the touch of a fork, each piece tender and full of flavor, just the way I had hoped.

To plate, I gathered the eggplant into a small, comforting mound in the middle of the bowl – a little hill of warmth and comfort, then grated a fine dusting of Parmesan over it with a microplane, the shavings melting into the heat like a soft embrace. I nestled the fish alongside, its flesh tender and welcoming, then topped it all with a bright, punchy vinaigrette – fresh green tomatoes, not-too-ripe avocado diced into little cubes, a squeeze of lime, salt, and pepper. To finish, a handful of pine nuts, sunflower seeds, and hemp seeds – each adding its own bit of crunch and earthy depth.

I took a moment to step back, to breathe it in. It felt right – a small act of self-love in a time when such things don’t always come easily. A dish to remember that even in the slow, gray days, there is still color, still warmth, still the possibility of something delicious, something whole.

- Despalavra