June 8, 2025

carta de acolhimento pra mim

 querida Palomex

Hoje eu escolho me escrever com amor. Não para me cobrar, nem para me corrigir — mas para me abraçar com toda a compaixão que eu mereço.

Eu sei que estou passando por dias difíceis. Sinto no meu corpo o peso dos gatilhos, das memórias, do medo, do vazio. Sinto a confusão que vem quando tudo parece escuro, quando os hábitos escapam das mãos e eu só quero sentir algo que alivie, nem que seja por um instante.

Mas eu também reconheço a minha coragem. A coragem de me escutar. De nomear o que sinto. De buscar ajuda. De não fingir que está tudo bem quando não está. Isso é força — mesmo que doa.

Querida, eu entendo o porquê do açúcar, do prazer rápido, da fuga. Você só quer se sentir viva de novo. Só quer um colo, um alívio, um lugar seguro. E tudo isso é legítimo. O seu corpo está tentando cuidar de você com os recursos que tem. E eu honro isso.

Mas hoje, com carinho, eu quero lembrar: eu estou aqui por mim. Eu sou meu próprio colo. Eu posso escolher, aos poucos, o que me nutre de verdade — na comida, no toque, nos pensamentos, na presença. Posso me dar prazer com conexão, carinho e presença. Posso me alimentar com intenção, respirar antes de agir, pausar antes de me abandonar.

Eu não estou sozinha. Eu me tenho.

E mesmo quando escorrego — porque às vezes vou escorregar — eu não vou me punir. Eu vou me acolher, respirar e seguir. Porque eu mereço uma vida viva, cheia de cores, cheia de mim.

Com amor,

Palomex

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