Carta de mim pro outro que também sou eu
Ei,
A gente saiu correndo, né? Sem tempo pra despedida, sem olhar no olho, sem aquele último abraço que fecha ciclos. Foi brusco, desajeitado… voado. Mas talvez precisasse ser assim. Porque ficar doía mais do que partir. E eu precisava respirar de novo.
O que a gente teve foi real. Real como o silêncio depois de um choro, como o toque que acalma, como a risada que escapa no meio do caos. Mas mesmo o que é real pode não durar. E tudo bem.
Sair de ti foi também sair de partes de mim. E isso leva tempo. Leva paciência. Leva amor — muito amor — pra curar o que não se vê, mas que aperta no peito, vibra no corpo, ecoa na alma.
Sinto tudo.
A lágrima, o riso, o gozo.
Sinto o que fomos, o que não conseguimos ser, e o que ainda pulsa em silêncio.
Entre nós ficou um hiato — esse espaço suspenso entre o fim e o recomeço.
Ele sufoca às vezes.
Mas também é nesse vácuo que o grito nasce, que a voz volta, que o ar entra.
É aí que a vida se reinventa.
Talvez um dia a gente se reencontre, em outras versões, mais inteiros, mais leves.
Ou talvez não.
Mas o que foi, foi. E foi bonito.
Com amor,
De mim,
Pra ti,
Que também sou eu.